segunda-feira, 23 de novembro de 2009


E se eu não olhasse mais na mesma direção? E se eu desligasse a música? E se eu decidisse voltar a pé? E se eu dormisse a tarde toda? Se eu não tomasse mais nenhuma tequila? E se eu gritasse até você me ouvir? E se eu desse as costas e fosse embora? E se eu acendesse seu cigarro e o apagasse na palma da sua mão? E se eu te beijasse aqui, sem testemunhas? E se eu dançasse até meus joelhos doerem? E se eu te dissesse que esse bigode te cai mesmo muito bem? E se eu te desse um cacho de uvas podres? Se eu desarrumasse a cama, tirasse os lençóis? Se eu jogasse todas as suas roupas no chão, quebrasse alguns copos, destruísse toda essa ordem? E se eu pedisse explicações? E se eu não desse explicações? E se eu acordasse os vizinhos? E se eu te dissesse que eu não me importo e que sim, continuo muito bem sem você? E se eu te dissesse que foi tudo mentira? E se eu não risse das suas piadas e te servisse o café da manhã? E se eu buscasse suas roupas na lavanderia e brincasse de ser sua mulher? E se eu arranhasse os seus discos? Se eu rasgasse suas fotos? E se eu contasse para o porteiro o que você faz durante a noite? E se eu guardasse pra sempre os gemidinhos que você dá enquanto dorme? Se eu apagasse da minha memória o sorriso que você dá quando sonha? E se eu te chamasse por aquele apelido ridículo que seus amigos inventaram? E se eu nunca mais respondesse ao apelido que você inventou? E se eu confessasse que acho seus poemas muito ruins? E se eu confessasse que acho a sua voz ao telefone a melhor melodia do mundo? E se eu concordasse com o que você está falando? E se eu te amasse, você ainda estaria aqui?