segunda-feira, 23 de novembro de 2009

tudo não diz nada (ou nas páginas do meu caderno)

Sobre os nossos encontros, que têm data e hora marcadas e dia certo para terminar. Contagem regressiva agora que aprendi a prender sua atenção.
Você senta e não diz nada, não desvia o olhar do vazio e alegra minha semana.
A única coisa que eu posso olhar sem medo é o seu pé, que você deixa esticado como se estivesse confortável, mesmo sua respiração dizendo o contrário.
Eu suspiro e a gente permanece em silêncio. E mesmo com tudo acontecendo em volta, é no seu suspiro que eu estou pensando.
Quando o silêncio é interrompido por perguntas, você finge que nada aconteceu e nós dois não respondemos nada.
Sem olhar, eu fico tentando decifrar o que você está fazendo, onde estão de verdade seus pensamentos, porque eu não os vejo por aqui.
Eu tento te tocar algumas vezes, mas talvez seja sutil demais, porque você nem percebe o meu esforço.
Quando é hora, você tem vergonha de rir. E eu, com pudor, olho seus olhos sorrindo. Mas seu pensamento logo se desvia mais uma vez. Eu vejo seus cílios quando não resisto e, desta vez sem timidez, tento enxergar você.
Eu me levanto e você fica sentado, não quer que eu te acompanhe. Eu não sei o que você fez antes do nosso encontro, e não sei o que vai encontrar depois.
Sua presença no meu mundo se limita a essas horas que ficamos lado a lado em silêncio. E a minha presença no seu... bom, eu não sei se você está realmente comigo nessa hora.
Um dia, você deixou – mais por descuido do que por insistência minha – que eu descobrisse parte do seu caminho. Mas você – não sei se por insistência sua ou se porque é assim mesmo – se desviou.
Continuo contando as horas para amanhã.