"Entre uma pessoa e outra existe sempre um abismo, uma descontinuidade. Não estamos em continuidade com os pais nem com os filhos, somos um, e isso nos angustia e nos impulsiona. Vivemos para romper esse abismo, o desafio é a aproximação e a convivência, o que não pode se dar a qualquer custo. A convivência é um desafio, mas precisamos criar outras modalidades de relacionamento, pautadas em valores mais amplos. Vivemos entulhados, pendurados uns nos outros, a maioria de nós é carente e se vende a qualquer tipo de encontro, mas na hora de pensar, raciocinar, isolam, fragmentam, segmentam. As pessoas querem se relacionar, anseiam, quase desesperadamente, por isso, mas elegem uma infinidade de valores excludentes para mediar essa relação. Não gosto de quem ouve tal música, não aceito que me digam isto ou aquilo, não admito tal situação etc. As pessoas não sabem lidar com a diferença, no fundo querem conviver consigo mesmas."
Trechinho de "Diante de uma vida que nos escapa" - entrevista com a psicanalista Viviane Mosé na revista continuum
Trechinho de "Diante de uma vida que nos escapa" - entrevista com a psicanalista Viviane Mosé na revista continuum
